2 de julho de 2008

SER ECOLÓGICA POR OPÇÃO

Finalmente conseguí acesso a minha matéria que saiu na Revista Bons Fluidos de Junho....

SER ECOLÓGICA POR OPÇÃO

Aprendi o conceito de consumo consciente quando ainda era uma garota e ninguém falava sobre isso – aliás, só percebi que o que praticava era consumo consciente anos mais tarde. Eu estava terminando o primeiro grau e meu pai ficou desempregado. Por conta disso, fui estudar em uma escola pública. Lá, conheci a realidade de garotas que tinham uma vida mais simples do que até então eu vivera.

E nessa convivência fui aprendendo a dar valor a pequenas coisas e a não ficar emburrada quando não ganhava o tênis de marca ou uma calça mais cara. Em vez disso, aprendi a me alegrar quando reaproveitava roupas de uma tia. Minha mãe e eu pegávamos as peças e inventávamos algo especial: mudávamos um decote, reformávamos parte de um vestido. Ou seja, a gente reciclava tudo, que ficava com cara de novo e moderno.

Outra lição aprendida nessa época: usar os recursos disponíveis por perto. Por exemplo, minhas amigas da nova escola e eu inventamos um encontro mensal que batizamos de Chá de Trocas. Eram reuniões em que cada convidada levava objetos que não foram usados nos últimos seis meses, como bolsas, sapatos e principalmente roupas.

A regra era: uma peça dava direito a uma troca. Claro, muitas vezes acontecia uma pequena disputa entre nós pelas coisas mais novas, mas tirávamos isso de letra, com uma boa conversa. Eram tardes inesquecíveis, nas quais conversávamos muito sobre o que a gente desejava para o futuro e sobre nossos sonhos.

Organizávamos também as tardes de beleza, quando uma de nossas casas se transformava num salão. Esses encontros aconteciam sempre aos sábados. Cada uma levava o material que tinha, como grampos de cabelo, secador, esmalte. E uma fazia a mão e o cabelo da outra.

Além de tornar meus dias mais agradáveis e cheios de afeto, fui desenvolvendo boas amizades. Não mais esqueci esta importante lição: um pouco de fé, de bom humor e de criatividade faz a diferença quando a vida parece uma tarde chuvosa.

Hoje em dia, minha vida financeira está mais tranqüila. Posso comprar roupas e sapatos novos, mas guardo com carinho as recordações daquela escola e de tudo o que aprendi com aquelas amigas especiais, que me tornaram uma pessoa mais ecológica, consciente e muito mais feliz. O bazar de troca de roupa, por exemplo, é algo que ainda faço regularmente. Convido minhas amigas e cada uma traz peças, em bom estado, que não usa mais.

Valem roupas e acessórios. No último encontro, fiquei com um anel e um vestido. E, mais recentemente, começamos a trocar e emprestar revistas e livros. E formamos até um consórcio. Funciona assim: juntamos quatro amigas e cada uma dá um valor igual para comprar um livro bacana. Depois, cada uma fica até um mês com o exemplar. Isso, afinal, também é reciclar.”

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